Arquivo do mês: fevereiro 2013

Reciclagem pode ser um bom negócio

Em tempos de politicamente correto, a capitalização do meio ambiente ocorre por diversas linhas, uma delas é a moda da reciclagem.

O termo traz conflitos conceituais. De fato, o que mais ocorre é o reaproveitamento por meio do artesanato. Nesse caso, a responsabilidade do processo tem recaído sobre a consciência individual e não necessariamente sobre uma compreensão mais sistêmica do fenômeno da degradação ambiental ou mesmo da superprodução de resíduos de diversas naturezas, cuja dimensão político-econômica dos Estados e Empresas esteja em foco.

Nos últimos anos, propostas bastante atraentes têm surgido, através de empreendedores que, observando o mercado construído para as questões ambientalmente corretas, criaram espaços para explorar essa vertente do que muitos classificam de capitalismo verde.

Muito se fala na preservação ambiental, mas, na maioria das vezes, é comum alimentar esse discurso esquecendo ou anulando a responsabilidade do homem nas intervenções urbanas que provocam ao meio. Desse modo, já que o bem estar está diretamente ligado às relações que o homem estabelece com o meio, o pensador Félix Guattari, no livro Três Ecologias (1999), manifesta sua indignação, afirmando que o mundo vem se deteriorando progressivamente, por conta do modo de vida humana e a sua concepção errônea de coletividade. Consequentemente provocando desequilíbrios ecológicos, onde o mau aproveitamento dos recursos naturais, acidentes químicos e nucleares têm sido cada vez mais comuns.

DSC_1779

Por julgar importante a coletividade para o equilíbrio e bem estar do homem e do meio ambiente, Sônia Maria Azevedo Prudente, há dois anos, criou o espaço cultural “Reciclaria – Casa de Artes”, localizado na Avenida José Menezes Prudente, nº 97 (em frente ao Aeroporto Internacional de Aracaju) com a proposta de respeitar o meio-ambiente e integrar o homem com atividades que estimulam o bem-estar e o autoconhecimento. A partir de março, o espaço cultural oferecerá cursos gratuitos de reciclagem, ioga, artesanato, marcenaria, entre outros. Também ocorrerá uma vez ao mês no palco da Reciclaria apresentação de grupos musicais, teatro e outras performances. A Reciclaria ainda conta com espaço para restaurante vegetariano, que também passará a funcionar normalmente a partir do próximo mês.

DSC_1590

Atualmente a Reciclaria comercializa móveis reciclados. Sônia defende que a maior causa do caos planetário é o sentimento de separatividade. Acredita que nada é imprestável, tudo pode ser transformado. Por conta disso, explica que material produzido na marcenaria do projeto são frutos de doações e de móveis ou madeiras encontradas no lixão. O marceneiro Israel Nascimento trabalha há oito anos nessa função, mas essa é a primeira vez que participa de um projeto sustentável, diz que hoje trabalha com prazer, pois sabe que ao transformar móveis velhos sem utilidade em novos móveis seu trabalho ganha o status de arte.

O espaço tem recebido com frequência encomendas de arquitetos renomados do estado. Sônia espera que a reciclagem não seja apenas mais uma moda na arquitetura e completa dizendo que ainda falta incentivo do governo no estado para educar a população para a importância de praticar a reciclagem e de transformar essa atitude em um hábito do cotidiano.

Texto, fotografia e edição: Carlos Alberto Alves Lima e Eudorica Luciana Almeida Leão.

Mangue Negro

Um manguezal localizado no bairro Santa Lúcia conta hoje com um acréscimo desnecessário a sua paisagem: a caixa coletora que servia as imediações do Detran, e que foi deixada por lá desde o início das obras para a construção de um viaduto.

foto10

Apesar da sinalização, a área de preservação não é respeitada por todos.

De acordo com José Brito, morador e ativista para a retirada da caixa coletora, desde antes da chegada da caixa o lugar era um depósito clandestino de lixo, porém a chegada dela só legitima a destinação desses resíduos. Ainda segundo Brito, o lixo é oriundo de açougues, abatedores de frango, depósitos de ovos, residências, lanchonetes e restaurantes do bairro. Em outubro de 2012, juntamente com outros moradores, ele organizou um abaixo-assinado que foi levado a Empresa de Serviços Urbanos – EMSURB – solicitando ao órgão um estudo de viabilidade e uma campanha de esclarecimento quanto ao uso da caixa coletora, localizada na rua Professor Franco Freire, conjunto J. K., e denunciando o mau cheiro provocado pelos resíduos.

A partir daí, algumas notificações foram feitas e o problema havia sido temporariamente resolvido. Com a exceção, no entanto, de alguns moradores e dos responsáveis pelo despejo de ovos podres e restos de animais, que até hoje insistem em desobedecer as notificações. A nossa equipe de reportagem constatou no local a presença de chorume – líquido escuro e altamente prejudicial ao solo e a água subterrânea – decorrente da decomposição de lixo orgânico. Além dos dejetos orgânicos, também foram encontrados tecidos, livros, material pornográfico, brinquedos, pneus, e latas cortadas ao meio – próprias da utilização de drogas.

foto7

Pneus velhos e até livros são abandonados no local.

Segundo a EMSURB, medidas já foram tomadas, tais como a contratação de um funcionário para cuidar da limpeza e organização da caixa coletora, a notificação dos responsáveis e a organização de campanhas conscientizadoras junto aos moradores e comércio local. Ainda segundo órgão, a cada dois dias o lixo é recolhido, nos dias de terça, quinta e sexta-feira. A EMSURB esclarece também que as empresas que despejam lixo no local não podem ser multadas por sua ordem.

Conforme a Constituição Federal, o manguezal é considerado patrimônio nacional por ser um ecossistema associado à Mata Atlântica e, portanto, deve ter preservação permanente e ser defendido e protegido pelo Poder Público. No entanto, transgressões e crimes são cometidos sem que haja um posicionamento enfático do governo, confirmando a triste condição de terra sem lei.

foto69

Também podem ser encontrados materiais de leitura menos ortodoxos.

Carlos Santos, outro morador da região e que também participou do abaixo-assinado, contou sobre o risco de se morar ali dada a situação atual. Relatou ainda que o uso de drogas é frequente e que considera ser perigoso “chegar tarde em casa ou ficar na rua”. Citou como exemplo um assassinato que houve naquele local. Segundo José Brito, o assassinato foi de um trabalhador que tratava da organização da caixa coletora. Não se tem certezas sobre a real motivação do crime, mas, segundo outro morador que não quis se identificar, “o trabalhador reclamava com os carroceiros que vinham deixar resíduos de açougue”. O fato ocorreu no dia oito de dezembro. O trabalhador estava dormindo ao lado da caixa quando foi assassinado a golpes de pá.

foto5

O conflito de interesses no mangue foi marcado até por um homicídio.

Essas disputas de interesse ameaçam, principalmente, o bem-estar e a segurança dos circunvizinhos do manguezal, como também dos que se sustentam através dele. Segundo a professora doutora em Recursos Naturais Myrna Landim, qualquer despejo de substâncias estranhas ao ecossistema pode provocar o seu desequilíbrio, dependendo do tipo de material, quantidade despejada e do tempo de duração desse despejo. No caso específico do Santa Lúcia, o fato de o rio, nesta região, ter uma vazão pequena e menor influência da maré, deve facilitar a acumulação do material e, consequentemente, agravar a situação. Ainda segundo ela, a coleta seletiva deveria ser implantada em toda a cidade, o que ajudaria a diminuir a quantidade de material reciclável nos aterros sanitários e, mais comuns em nossas cidades, nos lixões. Além disso, permitiria que a parte da população envolvida com a coleta desse material trabalhasse em condições mais dignas. Acredita ainda que a solução da caixa coletora deve ser evitada, principalmente em uma região onde existe coleta de lixo urbano de forma regular.

Nesse ínterim, a população local espera enquanto o seu mangue torna-se cada vez mais negro.

foto3

Autoridades não apontam para solução eficaz do problema.

Grupo: Allan Jones, Baruc, Daniel, Jamile

 

Mangue da 13 de Julho e o Requiem da Modernidade

Prédio de área nobre da cidade em contraste com vegetação seca

Prédio de área nobre da cidade em contraste com vegetação seca

Ele está lá. Diariamente. Indiferente ao caos e a pressa do homem, testemunha o sol transformando em vapor a água marítima. À noite, presencia o olhar sedutor da Lua. Assiste ao encontro silencioso entre rio e mar. Ele chegou primeiro. Sua riqueza é usurpada ora pela ganância, ora pela chaga da poluição. Ele resiste, ainda que sofra. O limite que o separa da civilização não poderia ter nome mais adequado: concreto. O Mangue da 13 de Julho tem sido a testemunha ocular do crescimento de Aracaju. Traumaticamente se vê forçado a desaparecer. Sua morte não é causa, mas consequência.

O conhecido adágio popular que afirma “…o mar vai virar sertão” ganha ares de verdade. Uma poesia que tristemente desvela uma dicotomia: a luta silenciosa entre a Natureza e o único animal racional e calculista. Quem vence? Ambos perdem. Um descuidado cidadão fotografa o fenômeno da sacada de seu prédio. Acha belo. “Curte e compartilha”. Nem seus olhos, nem as lentes são capazes de ver o óbvio: o mangue diminui, sucumbe, asfixiado pela poluição e pela especulação imobiliária. Não consegue ouvir o som agonizante e harmonioso da Natureza que não pede socorro, pede RESPEITO.

Canal leva resíduos da cidade para o rio Sergipe

Canal leva resíduos da cidade para o rio Sergipe

Os pássaros já não o visitam como antes. Pudera: a podridão que sai de luxuosos condomínios é jogada subterraneamente ali. Peixes morreram. O solo passa por um processo de esterilidade e aridez. Como um ventre que antes concebia filhos em abundância, mas que agora seca e mingua diante da intoxicação criminosamente provocada. A farsa da atuação de órgãos governamentais em sua defesa é atestada pela inoperância, pela morosidade, pelo dolo e pelo crime. Nesse jogo de cartas marcadas o prêmio é o lucro. Essa “Vitória de Pirro”, cedo ou tarde, terá seu preço.

O cinza que passa a predominar na paisagem transforma-se num luto sóbrio. A brisa vespertina acalenta o sofrimento do Mangue. Leve e suave, ainda causa a queda da frágil e murcha folha seca presa ao caule do que antes fora um arbusto encorpado. Multiplicam-se e reconfigura a paisagem, antes verde. Morte anunciada e antecipada. Um bioma destruído diariamente.

Vista da região a partir do Mirante da 13 de Julho

Vista da região a partir do Mirante da 13 de Julho

Contraditoriamente bem ao lado, na parte civilizada, saudáveis e conscientes cidadãos madrugam para realizar a sua caminhada diária. Mecanicamente, passo-a-passo, desfilam seu corolário de escárnio e estupidez. Não enxergam o lixo jogado no mangue. Não se esforçam para ver. Têm pressa. A rotina pede passagem. O mangue é pano de fundo para um espetáculo patético e forjado. Os batimentos cardíacos dessas pessoas estão perfeitos. Batem apressada e folgadamente em vazios corações.

A Praia Formosa de outrora, a 13 de Julho que protagonizou eventos de lutas e resistência da história recente de Aracaju, hoje resume-se a local apropriado para a guerra de ego e do status quo. O Mangue que assistira àqueles eventos formidáveis vê a jovem cidade crescer. A buzina dos motoristas mais apressados no trânsito, já não o surpreende. Entre o sinal de trânsito e outro vê ônibus superlotados e envelhecidos. Outros tempos. É a modernidade e seus valores. Natureza é conceito do século passado ou coisa de ativista. Lamentável.

Areia fica acumulada no mangue

Areia fica acumulada no mangue

Texto: José Leidivaldo

Fotos: Camilla Roberta, Carlos Alberto, Daniela Barbosa e Silvia Rodrigues

Edição e publicação: Daniela Barbosa e Silvia Rodrigues

Rio Sergipe: a história de uma vida ameaçada pela degradação

Relatos dos que ouvem os gritos do rio que pede socorro. “Não somos nada sem esse rio, temos que preservá-lo!” (Cícero Romão).

Tarrafa, linha e anzóis, companheiros inseparáveis de um pescador apaixonado pelas águas, assim é o Seu Ebeliano Alves de 73 anos. O aposentado lembra com entusiasmo suas primeiras aventuras dentro do pequeno barco a navegar pelo Rio Sergipe. Tempos de fartura em que conseguia tirar da pesca o sustento da família. Mas para Seu Ebeliano as coisas mudaram muito por aqui. Hoje, tudo que move suas vindas ao rio, além das lembranças, é o espírito aventureiro desse jovem senhor. Ele relata que a quantidade de pescados de agora não chega nem perto do que foi no passado.

Seu Ebeliano Alves, 73, pescador

Seu Ebeliano Alves, 73, pescador

É bem fácil constatar o depoimento de Seu Ebeliano, basta uma passada de olhos nas margens do Rio Sergipe e logo se verá ao que a impensada ação antrópica pode chegar. O rio que é prova viva da história de um povo, que narra a vida através do alçar de remos, do lançar de redes, dos sorrisos transeuntes, ou mesmo através da incivilidade dos que o polui, carrega consigo as mais dolorosas marcas da leviandade dos que celebram e diluem o amor por essa terra.
Em seus mais de 200 km de extensão, o rio que nasce na Serra Negra, nos limites entre Sergipe e Bahia, vem desaguar no Oceano Atlântico, entre os municípios de Aracaju e Barra dos Coqueiros. É, sobretudo, aí que começam os problemas. Margeando a capital sergipana, o rio tem acompanhado o crescimento da cidade, com o desenvolvimento de indústrias, comércio, transportes, etc. No entanto, esse desenvolvimento fez das águas do Sergipe a principal receptora dos esgotos da cidade. Somado a esse fato, o problema do descarte de lixo e entulho transformou suas margens em lugares inabitáveis para as espécies típicas. Atualmente, o máximo que conseguimos encontrar são alguns poucos crustáceos, escassas miudezas sobreviventes, sem falar na grande quantidade de urubus.

Margem, Rua da Frente

Margem, Rua da Frente

O Rio e os To-tó-tós

De um lado Aracaju, do outro a Barra dos Coqueiros, é entre esses dois limites e à beira do Oceano que percebemos a dimensão do Sergipe. Além de ser, ainda hoje, meio de sobrevivência para muitos pescadores, sua beleza é um dos mais importantes cartões postais da cidade. É nele também que circulam os Tó-tó-tós, barcos medianos que fazem a travessia de passageiros de uma margem a outra.

Tó-tó-tó

Tó-tó-tó

E no balançar das águas que vai, ao controle da embarcação, o barqueiro Cícero Romão de 46 anos. De um lado para o outro, já se vão quase 30 anos de trabalho duro dentro da sua “Ilha Grande”. Ofício que veio de pai para filho e que Cícero preserva com força e coragem.

Cícero Romão, 46 anos

Cícero Romão, 46 anos

O barqueiro conta que já viveu momentos de glória, mas que hoje as coisas não estão tão bem assim. Segundo ele, antes da edificação da ponte Construtor João Alves, o Tó-tó-tó era o principal meio de se chegar ao outro lado. Entretanto, com a construção e a criação de linhas de ônibus ligando Aracaju à Barra, poucos são os usuários do transporte. Um deles é a pedagoga Rose Mary Neves, 42, moradora da Barra dos Coqueiros, utiliza o transporte sempre que vai ao Centro de Aracaju, para ela o Tó-tó-tó “é mais rápido e confortável, muito melhor que os ônibus!”, diz.

Desembarque de passageiros, Barra dos Coqueiros

Desembarque de passageiros, Barra dos Coqueiros

Apesar do relato da professora, é fácil de entender a posição das pessoas que preferem utilizar o transporte por ônibus, dadas as facilidades proporcionadas pelo sistema de integração. Mas segundo Cícero, há um descaso do poder público para com os barqueiros. Segundo ele, a divulgação do Tó-tó-tó enquanto atrativo turístico do Estado poderia ser pensada como uma forma de recuperar o êxito de outros tempos.

Prêmio ANA 2012

De tudo que já viveu a navegar pelo Rio Sergipe, Cícero bem viu a forma como o este veio sendo degradado ao longo dos anos. O homem fala da necessidade de recuperar e preservar o rio “não somos nada sem esse rio, temos que preservar!”, diz. Atualmente ele é um dos voluntários empenhados num projeto de limpeza do rio, recuperação das matas ciliares e conscientização da população. O projeto que faz parte das ações de responsabilidade social da empresa Alphaville, garantiu ao Estado os dois primeiros lugares no Prêmio da Agência Nacional de Águas (ANA) 2012, que teve um total de 363 projetos inscritos em oito categorias. Feliz pelo reconhecimento, Cícero diz que a maior gratidão do mundo é ver o rio vívido e limpo como antes.

O grito de um rio

O grito de um rio

Infelizmente, são poucos os bons exemplos como do Cícero, de pessoas que entendem o papel de agente transformador de maneira positiva. O homem é apenas uma entre muitas outras espécies que habitam o planeta, o fato de ser dotado de racionalidade deveria lhe conceber a função de zelar pelas necessidades dos demais, não guia-lo apenas em prol dos seus interesses. Um papel na rua hoje ou um monte de lixo amanhã, o fato é que precisamos entender que preservar é um dever de todos e isso se faz na prática. Discursos são ótimos aliados na tentativa de transformar ideias, mas boas atitudes são as mais nobres fontes de inspiração.

Texto: Fernando Moreira

Produção: Samara Pedral

Fotos e edição: Geise Cruz e Luzia Nunes

Imagem

E o vento gerou

Inaugurado no último dia 29, Parque Eólico da Barra dos Coqueiros desenvolve energia renovável e representa uma alternativa para a geração de energia no estado.

0102

Estrategicamente instalado na parte de maior ventilação da praia do Jatobá, aqui em Sergipe, o Parque tem 23 aerogeradores com 100 metros de altura cada um – o equivalente a um prédio de 30 andares.

0304

Embora esse tipo de geração de energia, que se utiliza da força do vento, venha sendo desenvolvido desde a antiguidade com os moinhos e as embarcações, só agora (com os estudos ambientais e a repercussão teórica mundial) a energia eólica ganhou maior destaque.

0506

As grandes turbinas (tecnicamente chamadas de aerogeradores, em formato de cata-vento) não poluem o meio ambiente. E muito embora interfiram no ecossistema local – no fluxo das aves, por exemplo – o impacto ambiental é bem menor se comparado a uma hidrelétrica que modifica profundamente os meios fluviais.

0708

De acordo com o Jornal da Energia, o Parque Eólico sergipano tem capacidade 34,5 MW, o que produzirá o suficiente para abastecer uma cidade com 120 mil habitantes.

0910

Clique nas imagens para ampliá-las.

heskey® é composto por Gustavo Monteiro, Marcel Andrade, Pedro Henrique Ferreira, Saullo d’Anunciação e Victor França.

Parques de Conservação: suspiro em meio ao concreto

Galhos secos de uma árvore qualquer

Galhos secos de uma árvore qualquer

O aviso na última foto alerta para a necessidade de conservação daquele que já foi um dos maiores ecossistemas do Brasil: a Mata Atlântica. Dela restam apenas alguns resquícios em Unidades de Conservação em todo o Brasil. O que se vê hoje, nem de longe lembra o que ela já foi um dia. Sua redução foi significativa ao longo dos últimos séculos, assim como a de vários outros ecossistemas, para ceder espaço às ruas, casas, prédios, avenidas, enfim, às cidades.

Sombras de um futuro bom

Sombras de um futuro bom

Em Aracaju, com o objetivo de aliar o processo de urbanização à necessidade de preservação, foram criados parques, como o Parque Governador José Rollemberg Leite, mais conhecido como Parque da Cidade, na zona norte e os Parques Augusto Franco, conhecido também como Parque da Sementeira, e dos Cajueiros, ambos na zona sul. Além de serem destinados à conservação de vários ecossistemas, funcionam como espaços de lazer. Trata-se de um suspiro em meio a tanto concreto para as famílias aracajuanas.

Moldura natural

Moldura natural

No entanto, o mau uso dentro dessas áreas preservadas ainda é frequente. Infelizmente eles também sofrem com a poluição, mesmo diante de tantas orientações, o que torna o espaço reservado para o usufruto próprio somente mais um local arborizado, mas com sérios problemas ambientais. A seca é outro problema claramente agravante. A falta de chuvas provoca uma variabilidade climática sem precedentes, provocando um desequilíbrio hidrológico que deixa marcas permanentes.

Aconchego no fim da tarde

Aconchego no fim da tarde

As fotos abaixo mostram a beleza que ainda existe nesses lugares, verdadeiros refúgios na cidade. Ao mesmo tempo em que encantam e despertam outras sensações, devem chamar a atenção para a necessidade de conservação que precisa haver dentro e, principalmente, fora desses espaços. Esse senso de preservação não pode acabar quando o passeio ao parque chega ao fim, pelo contrário, precisa ser reforçado, justamente para que os parques continuem a existir. Todos precisam fazer a sua parte ou então o aviso terá sido em vão.

Grupo: Érika Rodrigues, Francielle Couto, Leonardo Vasconcelos, Luciana Nascimento

Manguezal bairro13 de Julho “Degradação a olho nu”

Mangue versus construção

Mangue versus construção

Há anos o mundo vem sofrendo com os impactos ambientais causados pela atuação do homem. Em Aracaju, como em todo estado de Sergipe, não tem sido diferente. Podemos verificar a olho nu a degradação do manguezal do bairro 13 de julho. O bairro está situado próximo ao encontro do rio Poxim com o rio Sergipe. Por sua localização estratégica em relação às outras áreas da cidade e por possuir uma das mais belas vistas da cidade a região concentra os mais nobres e luxuosos empreendimentos imobiliários de Aracaju.

Falta de saneamento básico adequado

Falta de saneamento básico adequado

Com o grande crescimento de Aracaju, sem o devido planejamento e saneamento básico, o crescimento urbano está vinculada à questão da degradação ambiental, que vem se agravando nos últimos anos, dentre os quais se destaca a degradação do ecossistema manguezal.

Ecossistema manguezal prejudicado

Ecossistema manguezal prejudicado

Os benefícios do manguezal tem sido esquecido e consequen

temente não há cuidados especificos para cuidar de um sistema tão importante, tanto como qualquer outro, infelizmente a ganância , a obsessão por lucros rápidos, o desenvolvimento econômico, o crescimento urbano desordenado e a falta de conscientização da importância deste ecossistema são fatores relevantes que ocasionam a sua degradação.

As árvores do mangue sofrem com os efeitos do impacto ambiental

As árvores do mangue sofrem com os efeitos do impacto ambiental

Os manguezais são ecossistemas costeiros que constituem um ambiente alagado e concentra uma diversidade vegetal resistente a salinidade das águas presentes, mas é notório que essa resistência está em seu estágio terminal. O manguezal é um ambiente frágil e deveria ter um tratamento cuidadoso para não perder a sua riqueza e os seus benefícios para o homem e os seres vivos que o habitam.

Resíduos sólidos jogados pelo o rio e pela população

Resíduos sólidos jogados pelo o rio e pela população

Tendo em vista o grau de importância e complexidade dos manguezais , conscientizar a população é o primeiro passo, para que cenas como essa não ocorresse. A Lei Federal n 6.938, de 31 de Agosto de 1981, dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e conceitua, em seu art. 3, inciso I, o meio ambiente como: Art.3 – Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I – meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege  a vida em todas as suas formas. Mas parece que essa lei não vinha sendo cumprida nesse ambiente, pois a destruição é um fato que se é verificado dia após dia.

Consumismo versus destruição ambiental

Consumismo versus destruição ambiental

Essa destruição é tão constante , que no I Seminário Nacional de Geoecologia e Planejamento Territorial e IV Seminário do Geoplna, ministrado na Universidade Federal de Sergipe, nos dias 11 a 13 de Abril de 2012, segue as seguintes informações publicadas no artigo ISSN 2176-6983, onde os autores fazem a seguinte colocação ” Sem precisar de um olhar mais aguçado é possível perceber entre a vegetação, mais especificamente dentro da faixa de manguezal, o acúmulo de resíduos sólidos, possivelmente jogados pela população ou também carregados pelos rios Sergipe e Poxim, além do incessante mau cheiro que exala do material despejado pelas tubulações”.

Vegetação alterada

Vegetação alterada

o artigo també revela há quase 1 ano atrás a situação da vegetação do mangue, e a imagem não nos negam que de um ano para cá as mudanças não ocorreram, veja o que o artigo revela ” Contudo é importante enfatizar as mudanças no mangue (vegetação), pois o mesmo encontras-se num constante processo de degradação, nítida na mudança de cor, sendo que a flora do manguezal em todas as estações do ano possui a cor verde e boa porção da faixa do manguezal da área estudada as folhas estão com sua cor natural alterada”.

A vegetação morre, infelizmente triste

A vegetação morre, infelizmente triste

Degradação impactante

Degradação impactante

Que triste realidade

Que triste realidade

Apesar de se constituir em um dos locais mais belos de Aracaju a degradação do ecossistema manguezal é desenfreada e devastadora.

Projeto Tamar – Conservação das tartarugas marinhas

Placa da entrada

Placa da entrada

       O Projeto Tamar-Ibama foi criado em 1980 com o objetivo de salvar e proteger as populações das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem na costa brasileira: cabeçuda (Caretta), verde (Chelonia mydas), de pente (Eretmochelys imbricata), oliva (Lepidochelys olivacea) e de couro (Dermochelys coriacea). E conta com o patrocínio da Petrobrás.

      Pirambu foi a primeira base do Tamar instalada no Brasil, em 1982. Monitora 53 km de praias e protege quase 2.400 desovas e 106 mil filhotes, a cada temporada. Cerca de 80% são da espécie oliva, a menor entre as tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, também conhecida na região como tartaruga pequena, com comprimento curvilíneo de casco entre 70 e 74 cm.

Tartaruga

Tartaruga no tanque

       O CEA – Centro de Educação Ambiental de Pirambu foi inaugurado em 1992, recebe em média 120 mil visitantes/ano, incluindo cerca de quatro mil estudantes/ano. Ocupa 20 mil m² na área da base de pesquisa que fica dentro da Reserva Biológica de Santa Isabel – única unidade de conservação nesta categoria no Estado, criada em outubro de 1988, depois de várias ações que contaram com o trabalho e o apoio do Tamar. Tem 2.776ha e 45 km de praias dentro das áreas protegidas pelas bases de Pirambu e Ponta dos Mangues.

       O CEA de Pirambu tem um Museu da Tartaruga, com auditório para 60 pessoas onde acontecem palestras e projeção de filmes; cercado de incubação de ovos; quatro tanques com exemplares vivos de tartarugas marinhas em diversas fases de desenvolvimento; um aquário marinho com exemplares da costa sergipana; seis aquários com peixes de água doce. A região é considerada a área brasileira com maior concentração de desovas de tartaruga oliva, a reserva é procurada pelas aves-marinhas migratórias e por outras espécies animais em busca de alimentação e repouso.

Filhotes de tartaruga no tanque

Filhotes de tartaruga no tanque
Cavalo Marinho do Museu da Tartaruga

Cavalo Marinho do Museu da Tartaruga

Simulação da desova

Simulação da desova

         Logo que a base foi criada, todas as desovas precisavam ser transferidas para cercados de incubação para não serem danificadas. Hoje, 70 por cento das desovas permanecem nos locais de origem, sem riscos de agressão pelo homem, graças ao grande envolvimento dos pescadores e da comunidade no trabalho de conservação das tartarugas marinhas.

Local das desovas

Local das desovas

Locais dos ovos

Locais das desovas

IMG_3546o

Cercados de Incubação

IMG_3551k

Informações retiradas do site do Projeto TAMAR.

Regiane Sá, Keizer Santos, Jessica Feitosa, Marília Santos, Laize Letícia e Aline Silva.

Serra de Itabaiana – Patrimônio Público, natural de um povo.

1- Trilha de terra vermelha

Trilha de terra vermelha

O Parque Nacional da Serra de Itabaiana é um centro de conservação da natureza, compreendido por uma vasta área de proteção ambiental de quase oito mil hectares, além de assegurar importantes mananciais para o estado de Sergipe. Entre os eixos hídricos formados por ele, estão os rios Cotinguiba, das Pedras, Jacaracica e Poxim, vitais para a preservação e principalmente para a população que depende deste grande centro natural do agreste sergipano.

2 - Canais para a água de beber

Canais para a água de beber

3 - Riacho Água Fria

Riacho Água Fria

Nessa área estão interligados os municípios de Areia Branca, Itabaiana, Laranjeiras, Itaporanga d’Ajuda e Campo do Brito, onde estão resguardadas a Mata Atlântica e Caatinga, presentes na região. Sua fauna  abriga 16 espécies de répteis, 24 de anfíbios, 62 de mamíferos e 123 de aves. A visitação ao parque está sob responsabilidade do IBAMA, com uma boa infra-estrutura para orientar os estudantes e pesquisadores. O local possui estrutura para levar viajantes e aventureiros nas trilhas naturais.

4 - Espaço - IBAMA

Espaço – IBAMA

5 - Estudos e conservação da natureza

Estudos e conservação da natureza

6 - Cavalo na beira da estrada

Cavalo na beira da estrada

O Parque não agrada apenas estudiosos, como os biólogos, mas também os praticantes de esportes de aventura, como o rapel. São mais de 12 trilhas com espaços que se dividem em cachoeiras, poços, riachos e penhascos, conhecidos como Poço das Moças, Gruta da Serra, Via Sacra, Caldeirão e Parque dos Falcões. Além destes, está também o mais conhecido: o alto da Serra, que chega aos seus 659 metros de altitude.

Economia Ambiental

Verduras vindas do interior direto para a feira

Verduras vindas do interior direto para a feira

População consumidora

População consumidora

Além de ser importante do ponto de vista turístico, a Serra de Itabaiana serve de reserva para o abastecimento de água aos povoados adjacentes, como o Povoado Bom Jardim e o Povoado Serra. O rio que deságua por um longo caminho é utilizado para a irrigação dos alimentos plantados pela população, que vive próxima ao parque. Sua água muitas vezes é utilizada nas casas de muitas famílias para beber e cozinhar.

A partir desse processo, outro mercado é movimentado: a feira livre de Itabaiana, considerada a maior feira de Sergipe, onde muitas pessoas tiram o sustento. Frutas, verduras e legumes são os produtos mais cultivados com o auxílio da irrigação proveniente da água da serra.

Homem x Natureza

Poluição e a sobrevivência do espaço

Poluição e a sobrevivência do espaço

Mas, infelizmente, hoje a Serra tem sofrido muito com problemas constantes de desmatamento, queimadas e depredação. Segundo o estudante de ciências biológicas do campus de Itabaiana, Cleverton Silva, existe um constante processo de conscientização dos visitantes e da população local, mas ainda há pessoas que não respeitam esse espaço de conservação da natureza. “O desafio de conscientização é constante, sempre procuramos mostrar a importância da serra para a nossa cidade, mas infelizmente poucas pessoas respeitam esse espaço”, cita o estudante.

Alana Karolina Gois, Caio Rodrigues, Leila Renata, Isadora Pinho, Miguel Carlos, Rosely Silva, Silas Brito.

Ufs Ambiental: percalços e um longo caminho pela frente

Lixeiras depredadas dentro de um canteiro de obras.

Lixeiras depredadas dentro de um canteiro de obras.

Completando um ano esse mês de fevereiro, o Projeto UFS Ambiental, que visa criar uma série de ações ambientais que possam contribuir para o desenvolvimento ambiental e suas práticas, alcançou relativo sucesso em suas iniciativas, entretanto ainda tem um longo caminho para percorrer. Lixeiras depredadas, materiais descartados incorretamente e lixo no chão ainda são cenário constante dentro do campus de São Cristóvão.

Entrada principal da UFS com lixeiras caídas pelo caminho.

Entrada principal da UFS com lixeiras caídas pelo caminho.

A assessora técnica da campanha, Alana Vasconcelos, afirma que a depredação das lixeiras foi causada pelas obras dentro da universidade. “Existem problemas sim com relação às empresas de obras no âmbito da UFS e a forma com que as quais retiram os coletores. Mas temos o controle de todo o material que foi depredado e já cobramos aos devidos responsáveis, para tal existem os fiscais de obras”, explica.

Lixeiras destruídas.

Lixeiras destruídas.

O problema do descarte do material, todavia, não pode ser atribuído exclusivamente ao projeto. Somente as lixeiras que ficam dentro das salas de aula não são identificadas, em todas as outras pode-se encontrar a relação do que é ou não reciclável. Para Alana, esse é um problema que demanda tempo para ser resolvido. “A cultura de separação de resíduos no Brasil é muito nova. Nós, profissionais da educação, sabemos que “ninguém educa ninguém”, como nos dizia Paulo Freire, mas, com o nosso exemplo, aos poucos, vamos contribuindo para que de fato venhamos a separar os resíduos bem como contribuir com pequenas atitudes diárias com a redução do consumo de água, energia, dentre outros”, alega.Opinião compartilhada pela colega de trabalho, Márcia Rita, veiculada à equipe da Ufs Ambiental, “O que se vê, na verdade, é a falta de comprometimento da comunidade acadêmica em contribuir com o projeto de coleta seletiva, uma vez que para isso precisamos da mudança de atitudes e costumes.

Lixo descartado incorretamente, em lixeiras sem identificação.

Lixo descartado incorretamente, em lixeiras sem identificação.

Lixo orgânico descartado ao lado de lixo reciclável.

Lixo orgânico descartado ao lado de lixo reciclável.

Infelizmente, o lixo no chão é uma situação difícil de ser revertida, pois depende da educação de cada um. “Todos somos responsáveis e deixamos a nossa marca, a nossa pegada no meio ambiente, agora, se esta marca é positiva ou negativa, vai depender de cada um e esse “indivíduo” deve lembrar que apesar de nossas atitudes serem individuais, a sua consequência refletirá no coletivo”, esclareceu Alana.

Lixeiras inutilizadas.

Lixeiras inutilizadas.

Latas de lixo depredadas.

Latas de lixo depredadas.

Além de destruídas, as lixeiras estão atrapalhando a natureza.

Além de destruídas, as lixeiras estão depositadas nanatureza.

Gabriela de la Vega, Camila Ramos, Adson Vinícius, Ruhan Victor e Maria Beatriz Campos